21/03/08

o sonho

image by Scraps


ontem tinha pensado escrever sobre amor. o meu amor possível. inventado.

mas a cabeça doía mais que o pensamento e fui dormir. trazia na memória um olhar que não parecera ver-me. nem sequer sabia que o trazia. as coisas que se carregam para casa sem saber!

pior, pior foi o sonho depois.

- no emprego, alguém com poder para isso e muito mais, avisava-me, olhando-me como quem não me vê, que já não precisavam de mim. assim a frio e pronto. rápido como os sonhos são. segurei uma tampa de caixa de papelão. coloquei por cima as minhas plantas e saí a informar não me lembro quem. ou lembrarei?

voltei ao local de trabalho que por vinte anos fora o meu. ia saber de mais. do como. do porquê. mas a secretária já fora trocada. esperavam ainda quem a ia ocupar e... não me viam. ninguém sequer olhava na minha direcção.-

nunca me senti tão número como neste sonho. um número apagado. um número para engrossar, e ainda assim pouco, uma futura estatística qualquer.

a minha cadela foi acordar-me. entendi que era sonho. era sonho mas até quando o era?

assim deixei o texto de amor inventado e parti na direcção da barca que o sonho parece anunciar.

não a avisto mas sei que não demora. é mais de indiderença que de doença que se morre. sei o que digo. antes o não soubesse.

não tenho pena de partir. não gosto é de esperar.

hoje não vejo telejornais. falam de desemprego. não sei é como apagar da memória aquele olhar.

4 comentários:

  1. oh como eu te entendo, tanto, que at� doi.

    beijo

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  2. Acredito Piedade. Pior é que o sonho existiu, não foi imaginado para blog. O nosso psquismo não nos mente . Vivemos neste E(e)stado de coisas. Bjs. Obrigada,

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  3. *
    n�o me digas
    que n�o me compreendem,
    e que n�o sentem
    aquela raiva nos dentes . . .
    ,
    conchinhas
    ,
    *

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  4. impressionada ...

    retiro-me

    abraço


    iv

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